segunda-feira, 31 de julho de 2017

Quarto Montessori - parte 2




Aqui em casa a gente se inspirou da pedagogia montessori pra montar o quarto da sapinha. Qual a diferença com o quarto tradicional? Aqui o quarto é montado (realmente) para a criança/bebê. Ou seja, o bebê/criança consegue pegar o que quer, pois tudo fica a mão. A decoração é feita para ele, na altura dele e não lá no alto, pra gente ver e por ai vai... Vou tentar explicar um pouquinho mais nesse post (e em outros posts, a parte I você pode ler aqui - sobre o espaço de dormir) e contar como a gente fez pra transformar um quarto pequeno (e diferente) em algo próximo do que a pedagogia montessoriana prega.

O quarto montessori é dividido em alguns espaços-chave. Como eu disse ali em cima, o primeiro post foi sobre o espaço de dormir. Nesse segundo post, vou falar um pouco sobre o espaço lúdico, das brincadeiras. 

O espaço de brincar


O objetivo de um quarto montessori é que o bebê possa ter autonomia dentro do seu espaço. É necessário que seus brinquedos estejam a mão, para que ele possa, sozinho, escolher com o que brincar e alcançar o objeto de escolha. Ao mesmo tempo, o quarto é também um espaço de calma e descanso para o bebê, então é importante que os brinquedos não fiquem espalhados no chão.

Para que isso seja possível, vamos combinar que a organização do quarto não pode ser a mesma para um bebê de 2 meses e um de 2 anos. Vou abordar mais a organização do quarto com foco no bem pequeninho. O que é importante?

Espelho horizontal - quarto montessori
Primeiramente, um espelho, colocado na horizontal do lado da cama do bebê. Desde sempre, o bebê pode se olhar e interagir consigo mesmo. Geralmente, um bebê começa a se reconhecer no espelho a partir dos 10 meses. Posso dizer com absoluta certeza que no quarto montessori isso acontece bem antes. O motivo é óbvio, com o espelho ali do lado dele durante grande parte do dia, nada mais natural que esse processo se acelere. No caso da sapinha, com 6, 7 meses eu tive certeza absoluta de que ela se reconhecia. Ficava sentada de frente, se observando, colocava a mão na cabeça e acompanhava a imagem fazer o mesmo. Depois, colocava um chapéu e se observava atentivamente fazendo o mesmo. Fazia também brincadeiras do mesmo tipo com a gente e seus brinquedos, sempre de olho na “reação” do espelho. É possível até que ela tenha se descoberto antes, mas foi com essa idade que eu tive certeza de ela se reconhecia. Esse espelho pode depois ser colocado na vertical, quando a criança começar a se trocar sozinha.

O segundo canto de brincadeiras dela era um tapete de atividades. Existem diversos modelos pra comprar e o nosso foi particularmente uma boa escolha. Isso porque ele levanta dos lados, como uma cabaninha. Então além do móbile que fica em cima, ela também tinha alguns pontos de interesse dos lados. Quando começou a rolar e se arrastar, também tinha algumas coisinhas pra descobrir no chão. Confesso que quando comprei, foi pensando na utilização futura de cabaninha e foi vendo ela interessada nas “paredes” que entendi o quão acertada foi essa minha compra.

Tapete de atividades - quarto montessori

Como ela era ainda muito pequena, éramos nós que escolhiamos e pendurávamos os diferentes briquedos. Já nessa época a gente tentava dar um número limitado de brinquedos, sempre guardando depois, cada um em seu devido lugar.

Mas além do tapete, ela também tinha outros lugares pra brincar no quarto (ou na sala). A organização: “brincou, guardou” era a mesma. Chocalhos, mordedores, pelúcias... A pedagogia montessori sugere que os brinquedos fiquem em uma estante baixa, cada um numa caixa própria e em número limitado. Na teoria é muito legal, mas na prática... Não sei como é ai, mas com o tempo, ela foi ganhando tantos e tantos brinquedos que se eu fosse fazer dessa forma precisaria de estantes baixas na casa inteira!

Nesse caso, a sugestão é ter a estante baixa com alguns poucos brinquedos, organizados em suas caixinhas, para que o bebê possa escolher. Brinquedos que podem ser trocados diaria ou semanalmente.

brinquedos - quarto montessori
Maaasss... confesso que aqui em casa não é assim! Simplesmente, não tem como! Não tem espaço! E não tem quem faça/queira fazer (no caso, seria eu ou meu marido, pois somos só nós mesmo). O que fizemos, então? O móvel baixo de brinquedos está lá. Na caixa da esquerda, suas pelúcias. Na caixa da direita, os brinquedos “duros”. Com o tempo, a parte de baixo do armário, que ela consegue abrir desde muito tempo, virou o espaço dos brinquedos musicais. E uma caixa do lado de cima da estante começou a guardar o resto das pelúcias. Essa ela não alcança, então de vez em quando troco as pelúcias de lugar.
  
O esquema brincou guardou continua, mas não é também como “deveria”. Ela não pega um, brinca, guarda e pega outro. Muitas vezes quer brincar com mais de um ao mesmo tempo ou tira tudo. Eu não vejo problema, mas toda noite colocamos tudo de volta nas caixas. Durante muito tempo fazia parte do ritual de dormir dela. Depois do jantar, guardava todos os brinquedos com papai e depois ia pro banho, mamar e dormir. Claro, que ela não guardava realmente tudo sozinha, quem fazia a maior parte era a gente mesmo, mas ela participava com o que conseguia e ajudava. O importante é criar a rotina do guardar, pra que no futuro isso seja normal pra ela.

O último ponto importante são os livros. No começo ficavam junto com os brinquedos, na caixa da esquerda, quando eram só dois. Com o tempo foram transferidos para a parte de baixo do armário. Hoje, ficam na sala, em uma estante baixa, perto dos nossos. É que são bem uns 40 livros que ela tem e não cabem mais no quarto dela. Além disso, ela vivia pegando os nossos (que também ficam acessíveis na sala), agora ta sempre escolhendo entre os próprios livros.

Sobre o espaço de atividades, é isso! Mas os posts sobre o quarto montessori ainda não acabaram! 

Se não leu a parte 1, aqui vai: O espaço de dormir
E a parte 3, que vem a seguir: O espaço de amamentação, troca de fralda, o armário e a decoração


sexta-feira, 14 de julho de 2017

quarta-feira, 12 de julho de 2017

TAG Morando fora do Brasil: França com bebê



No canal do YouTube, nosso primeiro video!!!

Falando um pouquinho sobre como é morar fora com bebê.
Metz, França, com bebê: minha baby sapinha!




segunda-feira, 10 de julho de 2017

Quer que seu bebê coma bem?


Aqui vão algumas dicas!

 

Eu não sou nenhuma especialista em nutrição, nem nada disso, mas li bastante sobre o assunto e, como mãe, quero compartilhar minha experiência e aquilo que funcionou aqui. E como funcionou!! Chloé come suuuuper bem!! Tem prazer em comer e come de tudo! Muito mais e melhor do que eu!! Quem já viu o video da sopa de espinafre?? Também está lá no nosso insta instagram/oquartodasapinha


Hoje ela está com 21 meses. A introdução alimentar começou aos seis. Até então, só leite materno mesmo. Essa é minha primeira dica, se você pode amamentar exclusivo e em livre demanda, não pense duas vezes!! É que o leite materno muda de gosto de acordo com o que a mãe come. Então a variação do gosto já começa desde cedo. O bebê que toma o leite em pó, ao contrário, está sempre bebendo o leitinho com o mesmo gostinho, então (diz minha pediatra, pois não tive essa experiência) a introdução alimentar e a adaptação aos diferentes gostos é mais difícil.

Por volta dos seis meses (pouco antes ou depois), o bebê começa a dar sinais de que está pronto para provar diferentes alimentos. Basicamente, ele consegue sustentar a cabeça e se interessa pelos alimentos (tenta pegar a nossa comida, abre a boca, etc.). A Chloé com cinco meses já mostrava esses sinais e a pediatra falou que poderíamos deixar ela provar alguma coisinha, se a gente tivesse vontade, mas sem pressa e sempre lembrando que o alimento (o que nutre mesmo) dela ainda é e vai ser durante alguns meses, a amamentação.


A bagunça (cenoura, aqui) acontecia em cima de um lençol!
Eu queria fazer a introdução BLW, na qual a gente da alimentos inteiros para o bebê provar. Mas... ao mesmo tempo, tinha aquele medo dela engasgar. Então, nesse primeiro momento, fizemos um misto. Demos alimentos batidos, mas sem colher! Num potinho pra ela colocar a mão e levar na boca SE quisesse e como quisesse. Nem preciso dizer a bagunça que isso faz, né?? Mas acho que foi um ponto crucial na introdução do alimento como algo prazeroso. Era ela e somente ela que ditava o ritmo. E quais os alimentos? Sei que o Brasil o pessoal começa com as frutas, né? Mas aqui, a pediatra sugeriu começar pelos legumes, porque o doce, ela ia gostar com certeza, agora o momento era adaptar aos salgados. Espinafre, batata e cenoura. Cada um num dia, a cada dois dias, foi como começamos. Nem cadeirão a gente tinha ainda!! rs Sinceramente, eu não acho que começar com legumes tenha necessariamente sido um fator determinando no seu comer bem, mas também não acho que não tenha sido. Começar com frutas, começar com legumes, acho que vai do que cada um acredita. O que eu acho que deu certo e é a dica principal aqui é deixar o bebê provar sozinho, colocar a mão, levar a boca e comer o tanto que ele quiser. Sem forçar, sem pedir pra ele comer só mais um pouquinho, sem nem pedir pra provar. Porque se o bebê não quer, não gostou, não tem problema! As vitaminas dele não estão ali! Nessa etapa o objetivo é: experimentar! E isso vai muito além do gosto, é o momento em que ele entra em contato com a textura, a cor, o cheiro do alimento.

Em pouco tempo (duas semanas) a gente sentiu confiança e começamos a introdução em BLW mesmo!! Continuamos a deixar ela comer no ritmo e vontade dela, como eles sugerem no método e como já estávamos fazendo. Mas além disso, começamos a dar os alimentos inteiros. Pra quem tem medo, eu sugiro que leia sobre o assunto. Existem momentos em que parece que o bebê engasgou, mas ele mesmo consegue colocar pra fora. Com a florzinha, aconteceu somente uma vez dela engasgar. Eu li (e fiz uma aula) sobre primeiros socorros em bebê, mas foi o tempo de eu tirar a mesa do cadeirão que ela já estava sorridente e respirando de novo. Ou seja, o pânico foi a toa! Os bebês são muito mais capazes do que a gente imagina! E foi isso que eu aprendi, confiando nela. Claro, meu conselho é se precaver, ler e aprender, pra saber o que fazer, caso aconteça algo. Mas... confiar e acreditar!

Cenoura, batata e ovo


Foram alguns meses dando alimentos inteiros. No café da manhã eram frutas (pelo menos duas) diferentes. Gostava de misturar cores, texturas, tamanhos, sabores. Com oito meses, eu dava, por exemplo, uma banana inteira, um pedação de melancia (cortado tipo magali, sabe? Mas sem a casca) e framboesas. E deixava ela comer a vontade! Era interessante ver que ela aprendia. A melancia, ela precisava usar as duas mãos pra levar a boca, já a framboesa, era necessario uma certa finesse, pra não esmagar a fruta. Quando ela “acabava”, cansava, eu dava um pedaço de pão e comia os restos. Sim, sou dessas mães que se alimentam dos restos dos filhos rs (quem nunca??). Falei um pouco mais sobre isso no youtube (do café da manhã, não de comer os restos rs):




No almoço e/ou jantar, eu oferecia alguns legumes e uma opção de proteina. Por exemplo, colocava cenoura (uma tirinha do tamanho de um dedo) e brócolis (uma arvorezinha) no vapor e ¼ de ovo cozido. Sem sal! Zero sal! Sem óleo, sem tempero nenhum! “Ai, credo, nem um pouquinho de sal só pra dar um gostinho...” Não, nada! E vou dizer o porque. Nosso paladar já está habituado ao sal e sente falta, o do bebê não. Eu juro que é questão de hábito. Eu mesma, quando vou ao Brasil, vou aos restaurantes e acho deixaram cair o pote de sal na comida. Eu acho suuuuper salgada! A ponto de não sentir o gosto dos alimentos. Já no final da viagem, eu volto pra França achando tudo aqui insosso. O bebê nunca provou sal na vida! Pra que “esconder” o real sabor dos alimentos a um paladar ainda virgem e não adaptado?

Com 8 meses, o café da manhã se passava super bem. Já o almoço e o jantar... O que acontece é que ela ainda não tinha dente e demorava muuuito tempo pra conseguir comer os alimentos. Ela ficava frustrada e brava. E aqui vai mais uma dica: observe e seja flexível! Eu acho super legal a introdução em BLW e pretendo fazer novamente, sim! Mas como não estava dando 100% certo, comecei a fazer papinhas! O café da manhã continuou da mesma forma, mas comecei a fazer papinhas pro almoço e sopinhas pro jantar. Além disso, continuei respeitando as vontades e a fome dela. Não quer mais comer? Não tem problema! Até 1 ano de idade, a comida é complemento! O alimento principal continua sendo o leite materno. Sempre, sempre, sempre, a regra número 1 é: respeitar as vontades e ritmo do bebê!

Eu fazia as papinhas de forma com que ela tivesse um pouquinho de cada grupo alimentar durante o dia. Como ela comia bem pouquinho, comprava tudo orgânico e de qualidade, sem culpa, pois praticamente não pesava no orçamento! No café da manhã, fruta e cereal (pão). No almoço, uma das receitas que ela mais gostava (e o bebê de uma amiga também provou e aprovou) levava beringela (legume colorido), cebola, tomate, lentilha (leguminosa) e carne (proteina), que eu cozinhava tudo junto e depois batia no mixer. Isso davam vários potinhos! Deixava dois na geladeira (um pra hoje e um pra amnhã) e congelava o resto. De sobremesa, eu dava uma fruta diferente da do café da manhã. A fruta era inteira, se estivéssemos em casa, mas tinha também umas misturinhas (maça e cereja, por exemplo, que eu cozinha junto, batia e também guardava em potinhos no congelador) que serviam quando a gente ia almoçar fora. No jantar, um clássico era a sopinha de batata (tuberculo) e brócolis (legume verde). No verão, eu dava ela fria mesmo! O tamanho dos potinhos que eu congelava eram de acordo com o tanto que ela comia. Depois de umas três/quatro vezes comendo o pote todo e querendo mais eu aumentava a quantidade! Ou dava um 2 pote... Mas sempre, sempre respeitando a fome dela! Sem nunca forçar, distrair pra enfiar mais uma colher... Sem privar da sobremesa, independente do tanto que ela almoçou (porque, claro que acontecia dela não comer bem também). E com tete liberada!

Mas veja bem, os horários das refeições eram sempre os mesmos, é importantíssimo criar uma rotina! E com o tempo a gente entende os horários da amamentação. Ela (até hoje) mama em livre demanda, mas hoje (com 1 ano e meio) eu evito dar o peito antes das refeições. O bebê tem que estar com fome pra comer bem! É como a gente, se todo dia a gente almoça as 13:00, quando da 12:30, 12:45 o estômago já está roncando, né? Com o bebê é a mesma coisa! Se meia hora antes do horário do almoço a gente da uma fruta, ele não vai almoçar igual. Mas sem exageros, estabelecer uma rotina (do alimento sólido) desde o começo é super importante, mas os horários da tete, vão aos poucos se encaixando. É necessário observar pra entender quando o bebê está com fome e não privar de amamentar. No começo, se ela queria mamar logo antes do almoço, sem problemas, já perto de um ano comecei a evitar isso, dando sempre depois (se ela quisesse).

Eu era cheia das regras no primeiro ano dela e espero ser também com a segunda, pois acho que tudo isso ajudou muito a minha menina a ser boa de garfo! Hoje em dia, sou bem mais flexível! Continuo com os horários certos de comer e não dou nada uma meia hora antes. Mas ela come o que a gente cozinha pra gente mesmo. Ainda assim, no ritmo e vontade dela. Hoje, por exemplo, no almoço, eu coloquei frango, brócolis, espinafre, tomate e cebola, todos cortadinhos, regados no azeite, no forno. Fiz um macarrão e coloquei essa minha mistureba como molho, por cima. Sentamos juntas na mesinha dela (ela na cadeira, eu em uma almofada), com pratos iguais. De vez em quando dava umas garfadas eu mesma, mas de modo geral, deixo ela comer sozinha. Ela adora macarrão, e geralmente como todo o franguinho, mas hoje, não queria. As garfadas que eu dei do frango ela mastigava e cuspia. Já as arvorezinhas de brócolis, comeu todas! 

 

Outro dia, no jantar, tinha feito só carne e brócolis (video ai em cima, do instagram/oquartodasapinha, raspou o prato!! Olha ai os últimos brocolinhos sendo comindos!). Ela comia a carne, mas não o brócolis. Não forcei, só fiquei de olho. O interessante é que assim que ela terminou toda a carne, passou pro brócolis e comeu tu-do!! Alguns dias depois, o marido fez a mesma coisa pro jantar, mas ela não queria de jeito nenhum o brócolis. Ele perguntou se fazia outra coisa, eu disse que não e fui lá ver o que estava acontecendo. O brócolis estava partidinho. Troquei pelas arvorezinhas inteiras que ainda estavam na panela e ofereci. E não é que ela comeu?? É que ela não gosta muito do “tronco”, prefere as “folhas”. E é essa é minha última dica, ofereça, sem forçar, de formas diferentes. O bebê também tem os gostos dele e a gente tem que aprender quais são. Lembrar que os interesses evoluem, os gostos mudam e às vezes o alimento preferido fica preterido durante um tempo, mas depois volta...

Observar e respeitar, pra mim são as palavras-chave de uma alimentação de sucesso! Deixar o bebê ir no ritmo dele, deixar ele pegar, bagunçar, se lambuzar, da mais trabalho e demora mais, sem dúvida. Mas aqui, foram fatores essenciais pra desenvolver o gosto pela comida!!

Essas são minhas dicas, de mãe! Não deixe de comentar, quero saber o que mais da certo (e errado), porque tem outra vindo por ai!!