quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O parto



Aula de preparação ao nascimento 4


Quem acompanha o blog sabe que aqui na França temos as tais aulas de preparação ao nascimento. Você pode ler o post com as aulas 1 e 2 aqui: aula de preparação ao nascimento 1 e aqui: aula de preparação ao nascimento 2. As aulas 3, 4 e 5 foram sobre o parto meeeesmo. Se eu fosse contar tudo em um post só acho que daria umas dez páginas, por isso no post 3 eu contei das primeiras contrações até chegar nos tais 10cm de dilatação, que é quando o bebê vai nascer mesmo!! (se quiser ler, clique aqui). Hoje eu continuo a saga.

Como eu disse no post anterior, as contrações vão aos poucos ficando mais fortes e mais frequentes. Em cada contração, o bebê vai aos pouquinhos descendo e fazendo pressão, o colo então vai se dilatando e afinando. A anestesia tem que ser colocada entre 3cm e 7cm. Antes é muito cedo e atrapalha o trabalho de parto e depois já é muito tarde, pois até pegar o bebê já vai ter nascido. Eu pretendo ter o mínimo de medicalização possível e controlar a dor de outras formas. Mas tive consulta com o anestesista e fiz todo o necessário caso mude de ideia na hora. Enfim, quando for constatada dilatação de 10cm é chegada a hora do parto em si. São quatro as posições possíveis:

1. A posição clássica, deitada sobre as costas. Essa é a melhor pra equipe médica, que se posiciona confortavelmente ali no fim da mesa. É também a recomendada para o primeiro bebê de quem está anestesiada. Como a mulher não sente muito bem o seu corpo, ela vai ser guiada pela equipe, que vai dizer quando é a hora de empurrar. É bom estar numa conexão legal com eles, pois empurrar fora de hora ou além do necessário pode causar a laceração do períneo. Esse é um dos fatores (empurrar demais) alias, que aumentam o uso de procedimentos como a episiotomia (se quiser ler mair sobre o assunto: quem tem medo da peridural?). Dizem que esta é a posição mais dolorida e menos natural, pois o bumbum está pra cima, necessitando mais esforço.

2. Deitada de lado. Com a anestesia essa posição também é possível, mas não recomendada neste caso (pelas enfermeiras daqui) para mulheres no seu primeiro parto. Como quem vai estar em controle são as enfermeiras (no caso de peridural), eu seguiria a recomendação.

3. De cócoras. Essa é a da moda (rs), são muitos os artigos por ai falando das vantagens do parto nessa posição. É a posição natural do parto, dizem (e eu acredito). Facilita a saída do bebê (gravidade mandou um alô), pois ajuda a abrir a pelves, é a mais rápida e parece ser a menos dolorida. Só pode ser feita sem peridural, pois a mulher fica apoiada nas próprias pernas (com a anestesia, isso não é possível). Neste caso (sem peridural) é a mulher que está no controle e a equipe está lá prestando suporte ao parto e ao bebê e acompanhando para que tudo ocorra bem.

4. De quatro. Também só pode ser usadas por mulheres sem anestesia (pelas mesmas razões da posição de cócoras). Diz a enfermeira que as mulheres que pediram pra ter o parto de quatro geralmente tinham o bebê virado do lado direito e a posição ajudou o bebê a virar.

Posições na mesa de parto


A melhor posição é aquela que a mulher sente que deve se colocar. Sem a anestesia, é mais fácil sentir e escutar o corpo. O mesmo sobre o empurrar. Existe um momento certo de começar e de parar, o corpo da (e a) parturiente estão no comando, a equipe assiste (no sentido de assistência mesmo) ao parto. Porém com as sensações reduzidas (no caso da peridural), é necessário confiar na equipe, serão eles os atores do parto, a mulher acompanha as instruções e responde da melhor forma possível. Em ambos os casos, é sempre importante o diálogo entre as partes. A equipe conhece a fisiologia do parto melhor que a mulher. Nós nos conhecemos (limites e forças) melhor que eles. Quanto maior a conexão entre todos, melhor o parto vai ser.

A maior parte dos bebês está posicionado com a cabeça para baixo e as costas viradas para a esquerda (posição cefálica esquerda). Não é coincidência que esta seja a posição mais comum, essa é ideal para o nascimento. O trabalho de parto é mais rápido e menos doloroso. Isso por algumas razões.

Primeiro a cabeça. Quando ela está virada para baixo, o bebê vai fazendo pressão no colo do útero para ele se expandir. Depois que a cabeça passou, o bebê faz uma rotação para passar o corpo. Se ele estiver do lado esquerdo essa virada é menor, de 1/4. O bebê tem que ficar com a cabeça olhado pro bumbum da mãe. Porém, se estiver do lado direito, de 3/4. Mas como assim?? O caminho mais curto nesse caso é de 1/4 também! É... mas o bebê sempre vira no sentido do relógio, então nesse caso o caminho é mais longo. Porque? Não sei... e se alguém souber, me avisa!! 

Bebê dando aquela viradinha de 1/4 durante o nascimento


Eu já ouvi casos de médicos indicando cesárea no caso de bebês virados pro lado direito. Aqui, bebê virado pra baixo = parto normal. Até mesmo se o cordão estiver enrolado. Nesse caso eles vão observar mais de perto os batimentos cardíacos, mas a principio não é nada que necessite levar a mãe é uma cirurgia. Quando sair a cabeça do bebê, a enfermeira colocar o dedo ali no pescoço e tira como um colar. Alias, aqui nem mesmo o bebê sentado vai levar a mãe ao centro cirúrgico pra fazer uma cesárea. O parto vai ser mais difícil nesses casos? Sim. Por isso vai ser acompanhado mais de perto. Primeiro é feito um exame pra ver se tem como o bebê passar (tamanho da bacia da mulher x tamanho do bebê). Se estiver ok, o trabalho de parto tem que se desenrolar da melhor maneira possível e a mulher tem que ter 1cm de dilatação/hora (mais ou menos). Esse parto é mais arriscado? É, mas a princípio os riscos de uma cirurgia são ainda maiores. Por isso a presença do médico é obrigatória nesses casos e a equipe tem a atenção redobrada. Se necessário, ele partem para a cesárea.

A cesariana só é feita, então, em casos urgentes, como por exemplo quando o trabalho de parto não avança, ou quando existe uma preocupação com o bebê (frequência cardíaca não habitual durante o parto), ou quando tem descolamento de placenta (a oxigenação do bebê fica comprometida), entre outras razões avaliadas pelo médico. Ou planejadas em caso de necessidade, como quando o bebê está em posição transversal (como se tivesse deitado em uma rede, com cabeça de um lado e pés do outro), ou a mãe tem um problema de saúde, como pré-eclampsia ou infecção de tipo HIV.

Mas voltando ao parto normal... Assim que o bebê nasce, o cordão umbilical é logo cortado (prática discutível, mas ainda estou começando a me informar, quando tiver mais conhecimento faço um post só sobre isso) e o bebê é colocado junto a mãe. Momento de alegria :) Mas o parto ainda não terminou! Falta a expulsão da placenta. Se a mulher tomou a peridural, a equipe vai dar mais uma dose se ocitocina pra acelerar esse procedimento e terminar o trabalho deles. Se não tiver tido anestesia, ai a equipe vai ter que esperar uns 15 minutinhos, tempo das contrações voltarem (ai, ai, ai, e eu achando que iam me deixar em paz!) pra expulsar a placenta. Elas verificam se a placenta está intacta (se saiu toda), se não for o caso, ai vão ter que buscar os restos.

Durante a expulsão da placenta o bebê faz seus exames (também pretendo escrever sobre isso num próximo post) e depois volta pro colo da mãe. Os dois ficam ainda na sala de parto, em observação, juntos, durante umas duas horas. Depois podem ir (juntos) para o quarto. Claro que isso é se não houver nenhuma complicação/risco para mãe e bebê.




Contato pele a pele nos primeiros instantes

Ai sim, é só amor!
Comentários
3 Comentários

3 comentários:

  1. É só amor! E estamos perto do seu momento de amor incondicional!!! ❤️❤️❤️

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  2. Momento de encontro! Amo seus posts!!

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  3. Muito preciso, elucidativo. .. Mesmo para quem ja passou por isso. Amei ❤️❤️🔝🔝🔝🔝

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