Já aviso que o relato vem em partes, pois quis contar cada detalhe!
O começo...
No dia 03 eu
tive reunião com minha chefe. Nessa tarde eu falei que não sabia se conseguiria
terminar o trabalho previsto para o fim da semana. Ainda faltava muita coisa e
eu estava com dificuldades de me concentrar, com contrações que incomodavam. A
cada uma delas eu tinha que parar o que estava fazendo para respirar, pois comprimiam
meus pulmões. Além disso, eu sentia que ela ia chegar antes da hora prevista.
Prevista por mim, devo dizer, que tinha certeza que ela ia chegar perto do fim
da gravidez, dia 21, quando eu completava 41 semanas. Afinal, ela era pequena,
minha barriga ainda tinha muito a crescer e eu precisava terminar esse
trabalho...
Mas no
final, quem decide isso não sou bem eu... E nessa reunião eu sentia que ela ia
chegar antes. Falei pra chefa, que achou uma pena tão perto do fim
"abandonar" o barco. Eu também achava. Por isso ainda trabalhei três
dias, intensamente!
Na noite do
dia 05 para o dia 06 eu já acordei algumas vezes a noite por causa das
contrações, mas não percebi que meu corpo já estava se preparando para o
nascimento da minha sapinha. No dia 06 eu ainda trabalhei normalmente e até
escrevi um post relatando os incômodos do fim da gravidez (se quiser ler,
clique aqui). Eram contrações incômodas, mas nada além disso. Durante o dia
foram se intensificando, mas só percebi que eram as tais contrações pré-parto
de noite. Ainda mandei mensagem no grupo de whatsapp da família dizendo que as
contrações estavam chatinhas, mas que ainda não eram as tais do parto. E
fizeram apostas de quando ela nasceria!
Na noite do
dia 06 para o dia 07 eu suspeitei que a sapinha logo nasceria. Comentei com
minhas irmãs e falei para não comentarem, pois ainda era só uma suspeita.
Comecei a cronometrar o intervalo das contrações. É... elas estão vindo a cada
10 minutos. A suspeita começou a virar certeza! O marido já dormindo, eu não
quis acordar, ainda faltava muito pro parto... Queria que ele descansasse, só
ia acordá-lo quando estivessem a cada 5 minutos. Passei a madrugada inteira
marcando as contrações. Enquanto esperava a próxima conversava com minhas irmãs
que, parceiras, lá no Brasil, passaram a noite acompanhando, conversando,
querendo saber cada detalhe. E ia ao banheiro! Muito! Meu intestino se
esvaziava completamente! Muito louco! Eu que tinha medo de fazer cocô durante o
parto (ouvi histórias sobre isso), entendi que a natureza é sábia e não tinha a
menor chance de isso acontecer.
As
contrações já estavam mais frequentes, a cada 5 minutos, e às 6:30 da manhã
acordei o marido. Ele acordou um pouco atordoado, confuso. Tentava raciocinar o
que fazer, saltar da cama e correr pro hospital? Tomar banho antes? Falei que
não tinha pressa, que ele podia tomar banho, tomar café... e continuei contando
as contrações, que perderam o ritmo: 7 minutos, 5 minutos, 10 minutos... Na dúvida
se íamos ou não ao hospital, liguei lá. Eles disseram para esperar estarem
ritmadas.
O marido
ansioso foi arrumar o quarto dela, que estava cheio de coisas, pouquíssimas
dela.
Quarto montessori, em preparação |
E eu
continuei contando as contrações... 5 minutos, 5 minutos, 5 minutos... Vamos
pro hospital! A cada contração eu segurava a mão dele e apertava, concentrada
nele. Durante o trajeto ele perguntou se queria que parasse o carro durante a
contração. Querer, eu queria, mas não precisava. Então fomos direto. Paramos no
estacionamento e subimos na urgência. Isso já eram 10 da manhã e tinham outras
duas moças na sala de espera com barrigões, já tinham passado do termo. Elas
comentavam como era injusto elas passando e o pessoal tendo bebê prematuro! E
eu com minha barriga aparentando 6 meses! rs
Fomos até a secretária
que perguntou quando era o termo. Dia 21, eu disse. "De outubro?" ela
perguntou meio na dúvida. Isso, de outubro. Era o marido que respondia a maior
parte das perguntas. Eu estava focada, mas tranquila e numa marcha meio lenta
pra tudo que não era eu. É como se eu não estivesse presente ali, estava
presente só no meu corpo, dentro dele e unicamente dentro dele. Não estava
conectada no resto do mundo. Ele, ao contrário, ansioso, queria poder ajudar o
máximo. Falou das contrações, do ritmo e fomos para uma sala monitorar.
A enfermeira
checou os exames pré-natais e fez algumas perguntas. Me ligaram em dois
aparelhos, um para controlar os batimentos da bebê e o outro para o ritmo das
contrações. Viu que faltava o exame de sangue pedido pelo anestesista (eu ia
fazer semana que vem, depois que terminasse o tal trabalho...) e fez ali na
hora. Na hora desse exame eu fiz a maior cara feia e ela perguntou se era uma
contração "não, é só a antecipação da agulha mesmo" (rs). Ficamos lá
durante meia hora e as contrações voltaram ao ritmo louco. No exame de toque a
enfermeira disse que eu estava com... 1cm de dilatação! "Vocês moram
longe?" Não. "Então pode voltar pra casa, ainda não está na hora."
Ok! Voltamos um pouco frustrados para casa, mas com a certeza de que sapinha
estava por vir!
Marido ficou
na dúvida se deveria ir trabalhar. Eu falei pra ir tranquilo, que avisava se
precisasse que ele voltasse. Durante o dia eu olhei vídeos e mais vídeos sobre
auto-hipnose. Eu já conhecia os efeitos benéficos da hipnose na gestão da dor e
pretendia treinar antes do parto, mas o trabalho não tinha deixado... Então fui
treinando no dia mesmo. A cada contração eu me concentrava em outra coisa (sim,
hipnose é só concentração, a ideia é se concentrar em algo longe, pra colocar a
atenção fora do corpo - clique aqui se quiser ler mais sobre como enfrentar ador).
Minha mãe
veio ficar comigo mais pro final da tarde. As contrações já estavam bem
dolorosas. Mamãe fez sopa e me ajudou como pode. Vaaarias vezes eu fui pra
debaixo do chuveiro. A água quente realmente ajuda a diminuir a dor. E lá mesmo
eu olhava fixamente pro rejunte do azulejo e fechava os olhos. Sabe quando você
olha pra uma coisa muito tempo, fecha o olho e a luz da imagem ainda está lá?
Era isso e eu me focalizava nessa luz em forma de cruz com os olhos fechados
até a contração passar. E a água na barriga, podia ficar lá o dia inteiro...
Mas depois de um tempo acabava saindo. Fazia frio com o cabelo molhado, mas com
as contrações eu não conseguia fazer nada além de me concentrar e esperar
passar, mamãe querendo ajudar, secou meu cabelo pra mim. Me senti cuidada e
amada, mas doía! Cada vez mais!
Me sentindo amada e cuidada |
Ela também
filmou minhas contrações (rs). E mandava pras minhas irmãs acompanharem tudo.
Ficou comigo até o marido chegar. Contrações cada vez mais fortes. Lá pelas 22h
o marido finalmente chegou! E nada me ajudou mais a enfrentar a dor que ele.
Quando eu dizia que estava doendo, ele dizia olha pra mim, respira comigo, foca
em mim... Depois me levou pra deitar. Ele queria que eu dormisse um pouco (já
eram 40 horas acordada). Eu dormia, mas acordava a cada contração. E lá pelas
1:30 da manhã resolvemos voltar para o hospital. Já era dia 08.
Continuação do relato de parto da Chloé:
Continuação do relato de parto da Chloé:
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E o relato de parto da Emma:
Primeiro que amo esse quarto Montessori! E depois que ficou pronto, ficou perfeito, oferecendo toda liberdade e diversão que ela merece!. Além de lindo demais!
ResponderExcluirSegundo, amei a primeira etapa do relato!. Muito emocionante!... e bem real... e mamãe muito guerreira e colocando em pratica todo seu aprendizado. Orgulho puro!. Ansiosa pelo relato do dia 08... hehehe
Essa foto da mamãe secando o cabelo tá linda!.
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