quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A Dhê, o Bento e o Ivo


Relato de parto


Hoje o post é mais que especial! A Dhê (mãe de dois) mandou o seu relato de parto e eu compartilho aqui com muito prazer! É um relato muito sensível e mostra ninguém é menos mãe ou cria menos vínculo por causa da forma como o filho veio ao mundo. Tem muito amor envolvido! Espero que gostem tanto quanto eu.



"No momento estou com 37 anos. Tive meu primeiro filho aos 32. Não foi fruto de sonho nem grandes fantasias, quero dizer com isso que não sonhava com a maternidade, apenas imaginava que deveria ser algo especial carregar um filho na barriga. Sentia que meu corpo me pedia para engravidar, mas meu pensamento era contra engravidar por qualquer motivo, teria que ser algo especial com um pai que estivesse presente, com quem eu quisesse compartilhar essa responsabilidade.

Fabrício apareceu e nos apaixonamos quando, com pouco tempo de namoro, me propôs fazer um filho. Foi lindo. Foi o Bento sendo anunciado. Soube que estava grávida no mesmo dia, tudo em mim me dizia que estava grávida. O exame 20 dias depois só confirmou o que eu já sabia.

Da primeira gravidez não trago experiências muito maravilhosas: engordei 30 quilos, tive complicações físicas, dores, pesadelos com sangramentos... Mas a expectativa de ver meu filho era imensa.

E então foi se aproximando o parto. Eu queria parto natural, adorava ver vídeos de parto no YouTube. Mas a obstetra não me apoiava muito. E não adiantaria eu lutar contra isso: todas as mulheres na família tiveram filhos de cesariana, a obstetra fez vários partos na família, famosa por sua excelente cirurgia, além do fato de eu estar muito gorda... Enfim, eu não teria apoio em casa para esse parto natureba que deve ser fantástico.

Fiquei muito triste quando fui para o parto sem nem sentir uma contração. 38 semanas e 5 dias, minha pressão chegou aos 19:14. Minha avó teve hemorragia no parto, minha mãe também, a avó do meu marido morreu de eclampsia..., enfim... Fui eu pra faca embora várias amigas tentassem me apoiar a encarar o parto normal. Fui pra operação.

Lia relatos terríveis de mães que defendiam terem sido violentadas pela cesariana, os direitos das mulheres violados pela cultura cesarista, filmes, blogs, relatos e mais relatos tenebrosos... Mas eu não tive escolha e preferi não entrar nessa de pensar que a operação seria algo horrível e antinatural.

O ruim foi a anestesia. Doeu pra burro. Não sou de reclamar de dor tanto que estava doida pra parir pela via direta, mas a dor da primeira anestesia foi horrível. Chorei muito. Achei o anestesista um cavalo. Também não gostei da cirurgia nem dos pontos, nem das dores, nem dá coceira que dá depois que a anestesia passa, nem do fato de ter que ficar calada sem levantar nas primeiras 24h. 



Mas Bento foi a criatura mais linda da minha vida e compensava qualquer sentimento ruim. Ter meu filho Bento foi a maior alegria da minha vida.

As frustrações desse parto procurei resolver com a amamentação exclusiva em livre demanda, com a presença intensa, com o cuidado nas primeiras refeições... E foram tantos cuidados que Bento se tornou um menino pra lá de mimado.


Foi quando chegou a hora de trazer Ivo ao mundo.

Ivo já existia quando engravidei do Bento, pois eu já sabia que não teria um filho único e que o irmão do Bento seria muito parecido com ele.

Bento com 1 ano e 10 meses, eu já havia emagrecido mais de 20 quilos, me sentia bem, voltamos ao namoro sabendo que estava na hora de dar um irmão ou irmã para Bento. Rapidamente engravidei.

A gravidez do Ivo foi o contrário, estive bem durante os nove meses. Trabalhei até a véspera do parto. Cuidei de mim, me senti linda, demorei 6 meses para começar a engordar e engordei tudo de novo, mas minha autoestima se manteve no lugar. Fui uma grávida linda.

E eu não sabia se teria parto natural ou cesariana, mas não estava mais tão preocupada. Queria um parto natural e seguro, mas se não desse, tudo bem. O único acordo que fiz com a minha obstetra foi esperar ter uma contração. Queria saber como era sentir isso. E tive vários alarmes falsos. A obstetra topou a espera numa boa, só que com 41 semanas de gestação minha barriga dobrou de tamanho e a quantidade de líquido amniótico triplicou. Foi um alarme para a GO.

Com 41 semanas e poucos dias, nenhum sinal de trabalho de parto (uma amiga minha havia engravidado no mesmo dia que eu e ela entrou em trabalho de parto e teve parto normal em casa no dia seguinte à minha operação, ai que inveja), fui para o hospital. Escolhemos o dia 12/4 que era aniversário da minha avó.

E o parto? Tranquilíssimo. Anestesista perfeito, muito alegre, nem senti nada. Cirurgia rápida, equipe animada, todos aplaudiram quando Ivo nasceu. O clima era de festa, a sensação era de participar de uma cena de filme feliz.



Ivo nasceu tão grande, meu marido que assistiu e filmou tudo disse que a quantidade de líquido era surpreendente. Ele nasceu azul, todo arranhado de suas unhas enormes, e já saiu da barriga fazendo cocô (mecônio). Era a hora. O sentimento das contrações vai ficar para outra vida.

Não tenho mais medo de cirurgia e nem vou levantar bandeiras para nenhum lado. Se desse para ter parto normal, teria... Como não deu, me alegro vendo meus filhos viverem e continuo me emocionando com vídeos de partos naturais na internet.

Aqui o vídeo do nascimento do Bento




O link do Ivo mando assim que eu publicar na internet..." e a gente atualiza aqui.

Quem quiser mandar seu(s) relato(s) de parto, vai ser um prazer publicar no blog!!
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