Ou o choro de fim de tarde
Aquele choro que doi a alma |
Ahhh, o choro do fim de tarde! Aquele choro que vem da
alma, profundo, que nada sara! Pra essa mamãe, depois de uma noite mal dormida,
um dia longo de muitas mamadas e trocas e brincadeiras e distrações, pra essa
mamãe que já está bem cansada e com fome, a bebê que desanda a chorar é
desesperador! A gente tenta de tudo!
É fome, você pensa e dá mama, mas ela continua a
chorar...
Será que é sono? Mas ela acabou de acordar!
Você tenta dar colo, andar pela casa, balançar,
abraçar... e nada!
A única resposta é, então a tal da cólica! Só pode ser
cólica! O google parece achar isso também, afinal os sinais parecem ser os
mesmos descritos. Em cada página pesquisada, muitas são as respostas. O google
novamente vira o médico e eu tento as diversas proposições de solução.
Primeiro parei de tomar leite e derivados. Argh, leite
de soja é horrível, mas tudo pra não te ver chorar, minha flor. Um dia, dois
dias... e o choro continua.
São os cítricos! Bani, então o suco de laranja do café
da manhã, o limão da cozinha. Um dia, dois dias... parece que também não é
isso.
Tira o (pouco) café da dieta, então. Café da manhã será
a base de água, ok! E não, não deu
certo também!
Tudo que foi dito ser
causador de cólica eu tirei do cardápio por pelo menos uma semana... e comecei
a fazer massagem também. O que eu super recomendo, pois a flor realmente gosta.
O toque aumenta o vínculo e auxilia no seu desenvolvimento. Mas apesar de ser
super recomendado para a danada da cólica, no nosso caso, não parecia ajudar.
Recorri até a farmácia,
onde me indicaram diversas soluções. Depois de muitas conversas com a
farmaciêutica e com o google, aceitei aquela que me parecia a mais natural. E
tentei também durante uma semana, mas também não houve clara diferença.
Chega então, finalmente, a
consulta do 1 mês com a pediatra. Eu explico o que acontece e ela diz que é
normal, que a solução, a única solução e sua recomendação é: paciencia,
carinho, amor, colo, compreensão. Na realidade, não é só o bebê que fica
irritado no final da tarde, todos nós ficamos. Adultos, colocamos a culpa no
dia estressante, no trânsito impossível, no cansaço do dia-a-dia... enfim,
inventamos mil desculpas pra explicar algo que simplesmente acontece. A gente
pergunta um pouco mais sobre o assunto e a pediatra sugere que isso vem dos
primórdios, quando ainda caçadores, o fim de tarde era um momento chave na
sobrevivência. A noite começa a cair e nossos ancestrais tinham que buscar um
abrigo com urgência. Bom, é só uma hipótese, ela disse. Pode até ser que seja
bem isso mesmo, mas eu acredito que seja algo talvez mais simples. Acrescento
duas hipóteses: 1. Como eu disse acima, o dia com um bebê recém-nascido é
beeeem punk! A gente já acorda cansada da noite mal dormida e tem um dia exaustivo
fisica e psicologicamente. Quando chega esse horário o cansaço vira irritação.
A poucas semanas atrás mãe e bebê estavam fisicamente ligados e essa simbiose
de alguma forma continua fora do útero. O bebê continua a sentir as emoções da
mãe e fica, ele também, irritado. Hipótese 2. Assim como o dia é cansativo pra
mãe, ele também é cansativo pro bebê, que está em um ambiente novo, absorvendo
a enorme quantidade de informações a seu redor. São novos cheiros, novos
barulhos, novas pessoas... Quando chega o final do dia esse cansaço se exprime
em forma de choro. Em todas as hipóteses, o choro é só a forma que o bebê tem
de comunicar que algo não está legal. Como ele não tem a complexidade de
pensamento que nós temos, não é capaz entender e nomear esse mal-estar. Ele só
sabe “dizer” (sentir): ruim e assim chorar.
Mas voltando a pediatra,
perguntei especificamente sobre a cólica e tudo que tinha lido. Ela perguntou
se eu senti diferença parando com esses alimentos, eu disse que não, então ela
explicou ponto a ponto. A relação entre cólica e laticínios vem muito da crença
de que deve-se beber leite para ter leite. Muitas mães aumentam a quantidade de
leite e produtos derivados acreditando que isso fortifica/aumenta a produção de
leite. O exagero produziria cólica, a ingestão habitual, não (salvo exceções,
claro). Sobre o café, ela disse que há anos atrás dava-se cafeina aos
prematuros. Ou seja, o pouco de cafeina que eu tomo e passa no leite não pode
fazer tanto mal. Os cítricos é uma lenda urbana, já que não é porque um produto
é cítrico que ele passa sua acidez ao leite. O leite materno, ela frisou, é o
alimento mais sob medida que existe, é feito especialmente para o meu bebê e
contém exatamente aquilo que ele precisa naquele momento preciso. Que o bebê já
vinha comendo o que eu comia na barriga e que por conta disso já estava
adaptado a tudo aquilo que eu já ingeria. Uma alimentação equilibrada e sem exageros
era tudo que nós duas precisávamos.
E finalmente chegamos no ponto do texto no qual eu apresento a minha solução mágica, a única coisa que realmente funcionou com a flor e teve
efeito quase instantâneo: o slig! Pouco depois dessa visita a pediatra eu
comprei e chegou um wrap sling. Eu testei num desses choros pois minhas costas
doiam de dar colo. Uns 5 minutos depois de insalada, ela já estava num sono
profundo! Virou a solução aqui em casa, em casa de choro doido, sling nela!
Dentro do sling, o bebê tem o combo maravilha: posição similar a do útero,
ouvido colado no peito, o som dos batimentos cardíacos, nariz pertinho do
cheirinho de mãe (ou de leite rs), calor produzido e trocado entre os corpos.
Quer coisa melhor?
Sling é amor! |
O colo, o carinho, a
compreensão, o acalanto, o shhh shhh shhh perto do ouvido, o mama, o balançar,
o entender... Tudo isso são formas de dizer/mostrar ao bebê que está tudo bem.
Que ele é amado. Que ele está seguro. Que mamãe (e/ou papai) está aqui, com
ele, pra ele. E assim, e com o tempo, o choro passa.
Lindo demais esse texto, e adorei a mágica do sling!
ResponderExcluirSling até hoje funciona!!
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