Hoje, por volta da meia noite, você acordou e chamou
por mim. Não chorava, não estava desesperada, não tinha urgencia na sua voz.
Mas me chamava e tinha a certeza de que eu viria. Eu não fui assim que ouvi,
deixei você me chamar mais algumas vezes, talvez volte a dormir, eu pensei. Não
voltou a dormir, continuou a me chamar, precisava de mim.
Quando eu cheguei, você estava descoberta e tinha
virado 90 graus na cama, de forma a ficar com parte do corpo pra fora do
colchão. Senti no mesmo instante que me chamava pois meio sonolenta não tinha
entendido direito a situação. Me chamava pois precisava que alguém arranjasse
isso, te desse um colinho, um carinho, te esquentasse, te cobrisse.
Sentada no chão, em frente a sua cama, te peguei no
meu colo e você logo se aconchegou no ombro. E esfregou seu narizinho. E se
aconchegou de novo e de novo. Levantei, fomos até a sala pegar uma mantinha e
sentei na nossa cadeira. Você se aconchegou no ombro de novo e de novo. Envolta
em meus braços, eu sentia seu cheirinho, acariciava seus cabelos. Poucos prazeres
são tão puros e verdadeiros como esse. Nossa, como eu te amo, meu amor!
Ali, agarradinha com você, eu aproveitei os segundos e
minutos que se passavam. “Aproveita que cresce rápido”, ouvi muito. E queria
responder a todas essas pessoas que estou sim aproveitando. Esses momentos são
só nossos e enquanto você quiser (e eu puder), vou te embalar pra dormir.
Percebo seu corpo pesado no meu, é sinal de que
adormeceu, se entregou. Como você está grande, minha filha! Há muitas luas
atrás seus pezinhos nem encostavam em mim. Eu lembro que em algum momento você
acordava quando eles tocavam minhas pernas. Pensei como iriamos fazer quando
você crescesse e disse a mim mesma que iriamos nos adaptando a nos acostumando
com seu novo tamanho, afinal é pouca diferença de um dia pro outro. Hoje, com 7
meses e meio seus joelhos apoiam na minha perna enquanto seu rosto se aconchega
no meu ombro. Nossa, como você cresceu! Está um bebezão, mas pra sempre meu
bebezinho.
Mais um cheirinho, mais um carinho e levanto pra te
colocar na cama. Sento ali do lado e te coloco o mais cuidadosamente possível.
Você é um anjo, meu anjo. Te cubro com o lençol, com a mantinha e você se vira
na cama. Coloco a almofada mais perto, pra você ficar mais aconchegada. Você
parece dormir, mas não quero sair dali. Te observo no escuro e secretamente
torço pra você acordar mais uma vez. “Eu te amo”. Faço mais um carinho na sua
cabeça, quero me certificar de que você está bem, apesar da posição incomum (de
lado). O silêncio indica que não, você não acordou.
Fico ali mais uns segundos, mais uns minutos. Uma
lágrima escorre, que benção você é na minha vida, meu amor. Mamãe estará sempre
por perto, te embalando, velando seu sono. Durma com os anjos, meu amor, minha
flor mais preciosa!
E cada vez é assim, o mês passa, a Chlô cresce, e eu
fico boba com o quanto ela está esperta!
Já são 7 meses e acho que esse último mês entra no meu
top top de melhores meses. Talvez o melhor! Disputando com o aniversário de 4
meses. É que em ambos rolou um salto de desenvolvimento. Ali no mêsversário de
3 e 6 ela estava nessa mudança e isso implica em chorinhos e necessidade extra
de carinhos, inclusive no meio da noite. Acredito que as necessidades
emocionais são tão importantes quanto as físicas, por isso me desdobro pra que
ela saiba que eu estou e estarei sempre por perto quando ela precisar. Mas
confesso que quando acordo algumas vezes de noite, passo o dia meio irritada.
Ao mesmo tempo, eu também senti mais saudades dela do que normalmente, então aproveitei
esse dengo todo! Mas hoje, quando ela completa 7 meses e apesar de ter dormido
mal (já já explico a razão), posso dizer que esse mês foi um grande sucesso!
Acho que esse foi o mês com mais descobertas e
novidades! Ou pelo menos, pra quem vê de fora... Afinal, pra chegar nesse ponto
de desenvolvimento é preciso muito trabalho interno, muitas vezes invisível até
para os mais atentos.
Por onde eu começo? As palavras! Ela está quase dizendo suas primeiras palavras. Tem falado
muito papapapapa (mas ainda em momentos aleatórios e não direcionado ao papai,
então não conta como primeira palavra!), também conhece o dadada, tatata,
vfvfvf (coloquei assim, pois o som é meio tremido, sem vogal mesmo)... Tem
também um mãmãmã que ainda não digo que é pra mim, mas é bem quando ela ta
chorosa e quer meu colo (talvez mamar?). Ainda não posso classificar como a
primeira palavra, mas estou na torcida!! Além disso ela também brinca com a
voz. Quando está tremendo (no carrinho, passando por pedras ou quando a gente chacoalha
ela), ela solta um ehhhhhh bem longo pra ficar ouvindo a voz tremida. É bem
engraçado e lindo! Ela também faz “brrr” como a gente. Pelo menos tenta! É uma
quantidade de saliva que ela coloca pra fora tentando imitar... rs
Sinal de dente nascendo
Muita saliva também, e bochecha
rosa, e pegação na orelha, e mordendo tudo o que vê na frente, por causa dos
dentinhos. São sinais, dizem... Vááááárias pessoas já comentaram isso
espontaneamente. Cultura popular, deve ser verdade! Mas eles ainda não sairam.
Já vi pontos brancos na gengiva dela, mas eles desapareceram depois que ela
cuspiu (brincadeira!). Quer dizer, mais ou menos, pois ela tem golfado muuuito!
Mas os pontos brancos continuam lá.
E já provou muitos
alimentos: espinafre, batata, cenoura, banana, morango, laranja, mamão, manga,
beterraba, batata doce, água de côco, água normal, jerimum, mandioca, mexerica,
nectarina, melancia e acho que só. Meu leitinho continua sendo o alimento dela.
Definitivamente ela não come sólidos pelos nutrientes (ainda). Só ontem
compramos o cadeirão e acredito que vai facilitar. A introdução alimentar está
sendo feito inspirada no método BLW. Agora vou poder deixar ela provar e comer
por muito mais tempo, sem ter que ficar segurando. Só estou esperando o dia de
folga do marido pois prometi que ele estaria aqui na primeira vez. Ela adora
“comer”. Faz a maior farra!!
Ajuda a melhorar o controle
das mãos. Agora ela agarra objetos e passa de uma mão a outra. Aliás, ela é
destra. Mesmo com o brinquedo do lado esquerdo, ela tenta pegar com a mão direita.
E com uma precisão impressionante! O desenvolvimento mais fino é difícil de
notar. Só percebi, pois o marido notou a diferença na volta da nossa viagem
(ficamos 10 dias no Brasil, se quiser ler sobre viagens com bebê, clique aqui -parte 1 - e aqui - parte 2). Além disso, quando ela quer vir comigo levanta os
bracinhos na minha direção. Faz muuuuito isso quando está na cama, chorosa e
quer que eu pegue. Também estica os bracinhos na minha direção quando está no
colo de alguém e eu falo: “vem com a mamãe”. Também faz isso pra ir do meu colo
pro colo dos outros.
Olha quem já está engatinhando
A grande novidade é que ela
consegue ir a lugares sozinhas!! Num misto de engatinhar, se arrastar... As
vezes com a cabeça, as vezes engatinhando certinho mesmo, as vezes tentando ir
pra frente e indo pra trás... Ela ainda não consegue chegar necessariamente
aonde quer, mas já consegue se mexer. Tem fortalecido os músculos e entende
cada vez mais o que deve fazer pra alcançar tal coisa. E foi por isso que
acordei tanto nas últimas noites. Como ela não tem berço, sai da cama e vai
explorar o quarto. Imagino que de noite, com sono, isso logo cansa e ela quer
dormir de novo, mas como não consegue chegar na cama, me chama. Agora é assim,
cada vez que chego no quarto dela encontro mais longe do colchão. Diz a vovó
que eu ia até o quarto dela assim, quando bebê (eu também não tinha berço).
Daqui a pouco minha flor vai estar fazendo a mesma coisa...
Além disso, ela já consegue
sair da posição sentada ou deitada de barriga pra baixo para a de engatinhar (e
o inverso também). Ainda acontece de cair, quando sentada, mas ela já consegue
perceber que vai cair e tenta evitar. As vezes ela consegue evitar mesmo
(jogando o corpo na outra direção), as vezes cai mais devagar, as vezes coloca
o braço e se empurra de volta pra posição sentada. Também já fica em pé com
apoio. Se segurando no sofá, poltrona ou na gente. Mas só por alguns segundos,
depois as pernas bambeiam. A gente segura, ela se reestabiliza e fica mais uns
segundos. Logo, logo vai estar andando... e mamãe, cada vez mais boba de tanto
orgulho!!
Relato da primeira viagem de avião (sapinha com 6
meses)
No post anterior, eu
comecei a contar como foi a nossa primeira viagem de avião (se você não leu, clique aqui). Hoje eu continuo a saga! Chegamos no avião, rumo a Brasília e...
O comissário
simpatissíssimo diz que eu não preciso correr e se oferece pra levar minha mala
de mão até meu lugar. Sim, aquele assento com bercinho! Ufa! Ele me traz um
cinto de segurança pra Chloé e explica como colocar. Fala que ela deve estar no
meu colo durante a decolagem e pouso, que trará o bercinho assim que o avião
estabilizar no ar. A senhora que está do meu lado se apressa em dizer que adora
crianças, pra eu pedir se precisar de qualquer coisa.
Lendo no bercinho do avião
Sapinha mamou na decolagem
e pouso. De novo não pareceu sentir os efeitos da pressão. Enquanto o avião
andava no pátio, pouco antes de decolar, ela fez cocô. Bem naquele pior momento
que você não pode levantar. Então assim que o sinal de apertar os cintos
apagou, já no ar, fui correndo pro banheiro trocar. Quando voltei pro assento o
bercinho dela já estava lindamente montado. Coloquei a mantinha dela ali, pra
ela não ficar naquelas do avião e deitei ela ali. Ela brincou durante um tempo
e começou a querer dormir. Dei a chupeta (quaaaase não dou, só em momentos
cruciais), ela virou o rostinho pro lado e dormiu. Bem na hora do almoço!! A
comida estava uma delícia (ou eu estava com muuuita fome). Ela dormiu durante
uma meia hora. Quando acordou brincou, mamou, fez mais cocô, troquei, passeou
pelo avião, ficou deitada no bercinho, sentada no meu colo, em pé no chão
apoiada em mim. As pessoas diziam como ela é linda, como é calma!
Sling: o melhor amigo das mães viajantes!
Quando eu ia trocar já ia
no banheiro também pra não deixar ela com ninguém (preferia assim). Lá pelas
19h ela mamou uma última vez e dormiu de vez. Com ela dormindo comi um
lanchinho, dei uma passeada no avião, jantei, fui ao banheiro, tirei um rápido
cochilo e me preparei para o pouso (sling). Ela acordou, dei colo, tiraram o
berço. Informaram a temperatura em Brasília: 29 graus! Dei mama durante o pouso
e deixei ela só de fraldinha!
No Brasil é tudo uma
maravilha! Fila preferencial na polícia federal. Me perguntaram se ela tinha
dupla nacionalidade: não. Já sabia que se ela tivesse seria necessária
autorização do pai, registrada em cartório, para sair do país. Como meu marido
(francês) não viajaria conosco, teríamos que ir até Paris só pra tirar isso. Minha
bagagem e carrinho já estavam na esteira. Me ajudaram a colocar a mala de mão
no carrinho. Sai empurrando tudo (carrinho, mala despachada, mala de mão, bolsa
de troca, bolsa de mão), com sapinha slingando, na maior dificuldade! Mas só
até sair no aeroporto, pois a família já nos esperava e ai eram muuuitas mãos
ajudando a carregar tudo isso.
Na volta, meu vôo saiu as 00:55! Dinâmica bem
diferente. Lá pelas 23h passamos pelo detector de metais. Fui em uma fila
preferencial e todos os funcionários me ajudaram. Sapinha dormia no carrinho e
perguntei se era mesmo necessário passá-lo no detector de metais. Até que
sugeriram inspecionar no olho/mão, mas ela já estava no meu colo para passar
comigo e desmontar o carrinho é mega fácil então passou da forma normal mesmo.
Me ajudaram a colocar o computador e ipad de volta na mala (nada de tirar os
cabos) e rumei para a polícia federal pela preferencial (ela é brasileira?
Não).
Foi super rápido e logo já estávamos esperando o
embarque. Coloquei o pijaminha nela e fomos para a fila (preferencial). Fomos
as primeiras a embarcar! Deixei o carrinho ali e me informaram que o retiraria
só em Luxemburgo. Ok, sling tá ai pra isso mesmo! Um funcionário me acompanhou
do portão até a porta do avião e um comissário da porta do avião até o assento,
carregando minhas malas e as colocou no compartimento destinado. Me entregaram
o cinto pra bebê e esperamos a decolagem.
Ela mamou na subida e dormiu. O bercinho logo chegou e
só colocaram ele ali na frente. Eu me virei, com bebê dormindo, pra ajeitar
mantinhas e deitá-la (ééé... voltamos ao serviço francês). Ela dormiu durante o
jantar e depois. Eu também dormi. Ela acordou umas três vezes durante a noite
e, assustada sem saber onde estava, ensaiava um choro. Assim que me via/ouvia,
parava e voltava a dormir. A única vez que continuou reclamando eu tirei e dei
mama, ela dormiu, coloquei de volta no berço e voltei a dormir.
Ela acordou de vez uma ou duas horas antes do café da
manhã. Mamou e troquei. Ela brincou um pouco deitada e depois sentada. Quando o
café da manhã chegou ela queria colo (!). Tentava sair a todo custo do bercinho
pra pegar as coisas da minha bandeija. Comi super rápido enquanto chacoalhava
brinquedos diversos para entretê-la. Mas não posso reclamar, ela é um anjo comparada
com os 3 outros bebês que eu vi. Inclusive todas as vezes que acordou foi por
causa do choro de outros bebês.
Me disseram o tanto que ela era linda, como ela era
calma... Dei de mamar, troquei e me preparei para o pouso (sling). Tiraram o
bercinho e ela ensaiou mais um choro, dei mama e ela dormiu (logo antes do
pouso). Pousamos com ela dormindo no meu colo, tranquila. Coloquei ela no
sling, pegamos a fila (não preferencial) para conferir documentos. Eu cheia das
coisas e ninguém sugeriu que eu passasse a frente. Esperei como todos. Depois
atravessei o aeroporto inteiro pra deixar uns documentos pra minha prima.
Gastei mais de uma hora andando pra ir e voltar (!). Quando cheguei no meu
portão de embarque, deu tempo de trocar mais um cocô e descansar durante
(exatos) 11 minutos.
Nossa, como eu estava cansada! Chamaram o embarque,
peguei fila como todos (mais ou menos, dei uma furada e entrei no meio). Pedi
ajuda pra tirar uma mantinha pra sapinha. Estava beeem frio lá fora e iríamos
andando para o avião. Quando solicitadas, as pessoas ajudam numa boa, mas aqui
ninguém vai perguntar se você quer ajuda.
O vôo até Luxemburgo foi rápido. Dei mama na decolagem
e pouso. Ela chorou um pouquinho, estávamos bem cansadas. Logo que
desembarcamos o moço perguntou se eu queria o carrinho, falei que pegaria na
esteira. Melhor que pegar o ônibus com mala de mão no carrinho. Em Luxemburgo,
por ser um aeroporto menor (eu acho), os funcionários são muito mais gentis e
solicitos. Como eu era a última no saguão, me ajudaram a ir com malas e
carrinhos até um banco. “Não me custa, pois não tem ninguém pra atender”, disse
a moça.
Uma meia hora depois o papai chegou. O encontro dos
dois foi lindo! O olho da minha sapinha brilhava de felicidade! O papai ficou
bobo com os muuuitos sorrisos e risos que ela deu. Momento devidamente registrado, no finzinho do vídeo que resume um pouco da nossa viagem: