segunda-feira, 5 de junho de 2017

10 meses...



Ou melhor, quando descidimos que queremos mais filhos...


É com lágrimas que chegamos aos 10 meses da minha sapinha. A vida muda completamente depois que a gente tem filhos. Choro de emoção, sem dúvidas, mas o que move essa emoção? Estou feliz como nunca pensei que pudesse ser. Descobri que a felicidade é feita de uma sequência de momentos de alegria. Sabe aquele sentimento de quando você quer fazer aquela viagem e compra a passagem? Quando finalmente passa no concurso? Quando recebe um 10 naquela prova difícil? Ou quando recebe flores? Com um bebê em casa isso acontece todo o dia, várias vezes ao dia. Quem consegue ouvir as gargalhadas da flor sem abrir um sorriso? Como não comemorar o primeiro passinho que ela deu? E sim, ela deu seus primeiros passinhos sozinha. Com um bebê é alegria atrás de alegria, me deixando num looping eterno de felicidade. Só de pensar nela, são sorrisos e lágrimas por essa benção que é a minha pequena. Ao mesmo tempo, enquanto olho ela dormir, vejo o quão rápido ela está crescendo. Todas essas pequenas conquistas não serão feitas novamente. Nunca mais ela vai aprender a rolar, a engatinhar... Por mais que eu tente estar presente, tem sempre aqueles momentos mais avoados, mais negligentes, momentos em a gente perde a paciência, as várias vezes em que disse: “Espera, flor!”, “Agora não”, “Já chega de choro/grito”... No final do dia, as lágrimas caem por conta de todo esse tempo que não volta. Não chegam a ser lágrimas de tristeza, no fim do dia, sei que fui a melhor versão de mim mesma para ela, são lágrimas de saudades. Saudades que eu sinto mesmo estando presente, mesmo com ela do meu lado.




É tão difícil ver ela crescendo, que durante quase um mês eu só consegui escrever um parágrafo. Volto hoje pra terminar, quando ela está (quase) completando 11. Talvez seja algo pelo qual toda mãe passe? Ou pelo menos toda mãe de um só filho? Acredito que sim, pelo menos no meu caso. Digo isso porque só consegui voltar a escrever agora, alguns dias depois de uma séria conversa, seguida de uma séria decisão tomada com o marido: teremos mais filhos.

Quando eu engravidei da minha sapinha foi bem sem querer. Eu sempre quis ser mãe, mas o marido não queria ser pai, nossa vida era maravilhosa do jeito que era. Quando a flor nasceu e até pouco tempo atrás não existia possibilidade nenhuma de um segundinho. O que pra mim estava ótimo, por toda minha vida me imaginei mãe de uma (e só uma) menina. Até que algumas pessoas comentaram que ser filho único é viver meio sozinho. Me fez pensar no quanto a minha relação com minhas irmãs é especial. Por mais que eu tenha amigas-irmãs, amigas comigo a mais de 25 anos (pasmem!), por mais que a relação que eu tenha com elas seja incrível, não é igual a que eu tenho com minhas irmãs. Ai o marido que veio dizendo que não seria ruim se eu engravidasse de novo, que não seria ruim se tivéssemos dez filhos. Eu achei que ele estava brincando e ri. Mas isso tudo ficou martelando... Eu estou completamente satisfeita com a maternidade, a flor é definitivamente a coisa mais importante e mais maravilhosa que já me aconteceu. Ela merece ter alguém pra dividir o quarto, os pais...

Voltei no assunto com o marido. Quando você brincou sobre os dez filhos, isso era sério? Ele riu, disse que dez filhos era uma brincadeira, mas porque não mais um? A gente poderia chamar de número dois. Passamos alguns dias falando sobre o assunto, pesando prós e contras. Passamos dias revivendo a descoberta da minha gravidez, as difculdades dele e todas as mudanças que a vinda dela trouxe para nós. Nunca tínhamos falado tão abertamente sobre o assunto. Era meio tabu entre a gente por razões óbvias. Mas entre as muitas conquistas da flor, durante esses (quase) 11 meses de crescimento dela, evoluiram também as diferentes relações existentes, não somente com a flor, mas também todas as relações entre as pessoas próximas a ela. É impossível ter filhos e não analisar sua própria relação com seus pais (assunto que gostaria de voltar em um outro post). A relação com o marido também passa por essa reviravolta e é necessário reinventar o casamento (assunto também merecedor de um post só pra ele). O fato é que hoje, nos (quase) 11 meses da sapinha, minha relação com o pai nunca esteve tão sólida. Eu tenho um verdadeiro companheiro. Somos parte um do outro. Eu me sinto assim, ele se sente assim. E sente que ser pai foi a transformação mais maravilhosa na vida dele também. Ele também nunca esteve tão feliz. “A flor merece uma irmã. Mas tem que ser logo, elas tem que crescer juntas, brigar e brincar juntas.” Desde então, a sensação de ver a flor crescendo também mudou. Vamos viver tudo de novo. Tudo novo, de novo.


Comentários
2 Comentários

2 comentários:

  1. Sábia decisão! Ela vai adorar, as tias vão curtir, e a vovó nao ve a hora! Lindo texto.

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